22/12/07
Até 2008
Imagem: Mário Cesariny, Passeio Público (1971).
Este blogue vai de férias e volta no início de 2008.
A todos os leitores, votos de um próspero ano novo.
Um poema por semana
Imagem: Lisbonne, Gueorgui Pinkhassov (Magnum Photos)
O Sentimento dum Ocidental, de Cesário Verde
I. AVE-MARIAS
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba,
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de louças e talheres
Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio; apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
in O Livro de Cesário Verde, 1887 (primeira publicação do poema em 1880)
VOCABULÁRIO
soturnidade – melancolia, taciturnidade, tristeza.
bulício – ruído contínuo e confuso de vozes ou de coisas em movimento.
turba – concentração de pessoas, multidão.
toldar-se – perder a transparência, a limpidez.
viga – elemento estrutural de construção, colocado horizontalmente; trave.
calafates – pessoa cujo ofício é calafetar embarcações, a fim de as tornar estanques.
aos magotes – em grande número (pessoas).
jaquetão – casaco largo, geralmente em tecido grosso.
boqueirões – rua ou viela que dá para um rio ou canal.
baixel – barco, embarcação.
singrar – navegar à vela, andar para diante, avançar.
vogar – deslizar, navegar.
escaler – pequeno barco sem coberta, a remos, para serviço de um navio.
arengar – discutir, rezingar, altercar.
trôpego – que se move ou anda com dificuldade, de modo vacilante.
vazar-se – ficar vazio.
viscoso – que é espesso e pegajoso.
cardume – conjunto de peixes.
galhofeiro – alegre, folgazão, brincalhão.
assomar – começar a surgir, a aparecer.
canastra – cesta larga e baixa, em madeira, usada para transportar peixe.
fragata – barco robusto usado no rio Tejo para tráfego comercial.
apinhar-se – reunir-se em grande número num espaço.
Cesário Verde (1855-1886) foi um importante poeta português, valorizado principalmente no século XX. Oriundo de uma família de comerciantes, interessou-se desde cedo pela literatura, mas foi criticado ou ignorado em vida e só após a sua morte (por tuberculose) um amigo compilou os seus poemas num volume a que chamou O Livro de Cesário Verde. Pelo flagrante contraste com os seus antecessores românticos (salienta-se, por exemplo, o seu interesse por matérias prosaicas ou a empatia para com as classes trabalhadoras) é considerado um poeta realista e muito inovador. O poema “O Sentimento de um Ocidental” (composto por IV partes, tendo sido aqui transcrita apenas a primeira) é a sua obra-prima, e nele se encontra uma impressionante representação do espaço urbano, dada pela apresentação de cenas múltiplas e sucessivas, num processo impressionista e que apela fortemente aos sentidos.
Leia aqui a biografia de Cesário Verde da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas
20/12/07
Broinhas de Natal
Chegou "à redacção" uma receita de broinhas de Natal. Quem se aventura?
Ingredientes:
1 Kg de batatas
1 Kg de abóbora
1 Kg de açúcar
1 colher de chá de fermento
6 ovos inteiros
Erva doce
Canela
Frutos secos (noz, pinhão, etc)
Preparação:
Em primeiro lugar, descascam-se as batatas e a abóbora. Seguidamente cozem-se as batatas e a abóbora em tachos (ou panelas) separados.
Depois de cumprido o tempo de cozedura, desfazem-se as batatas e a abóbora para o interior de um mesmo recipiente. Nessa altura, é necessário envolver o puré de batata com o puré de abóbora, juntar o resto dos ingredientes (menos os frutos secos) e amassar tudo muito bem.
Quando a massa estiver suficientemente consistente, juntam-se os frutos secos. Antes de fazer as broinhas, convém ainda deixar a massa repousar durante umas duas horas.
Finalmente, dá-se a forma pretendida às broinhas e colocam-se num tabuleiro de ir ao forno previamente polvilhado com farinha.
Ficam no forno cerca de 20 minutos, sendo importante que a partir dessa altura se vá verificando se a massa já está cozida (com a ajuda de um palito, por exemplo).
Ingredientes:
1 Kg de batatas
1 Kg de abóbora
1 Kg de açúcar
1 colher de chá de fermento
6 ovos inteiros
Erva doce
Canela
Frutos secos (noz, pinhão, etc)
Preparação:
Em primeiro lugar, descascam-se as batatas e a abóbora. Seguidamente cozem-se as batatas e a abóbora em tachos (ou panelas) separados.
Depois de cumprido o tempo de cozedura, desfazem-se as batatas e a abóbora para o interior de um mesmo recipiente. Nessa altura, é necessário envolver o puré de batata com o puré de abóbora, juntar o resto dos ingredientes (menos os frutos secos) e amassar tudo muito bem.
Quando a massa estiver suficientemente consistente, juntam-se os frutos secos. Antes de fazer as broinhas, convém ainda deixar a massa repousar durante umas duas horas.
Finalmente, dá-se a forma pretendida às broinhas e colocam-se num tabuleiro de ir ao forno previamente polvilhado com farinha.
Ficam no forno cerca de 20 minutos, sendo importante que a partir dessa altura se vá verificando se a massa já está cozida (com a ajuda de um palito, por exemplo).
17/12/07
É bom saber que...
Salário Mínimo em 2008 será de 426 euros
Público, 17.12.2007 - 20h42 - Por João Manuel Rocha - Veja o artigo na página original aqui.
Público, 17.12.2007 - 20h42 - Por João Manuel Rocha - Veja o artigo na página original aqui.
O salário mínimo nacional em 2008 será de 426 euros, segundo o acordo alcançado hoje em concertação social.
O acordo prevê assim um aumento de 5,7 por cento, o mais alto, pelo menos, desde 1997. Para 2009, tal como já estava estabelecido, o salário mínimo será de 450 euros, ou seja, um aumento de 5,6 por cento.
O primeiro-ministro, José Sócrates, que falava após uma reunião de concertação social, salientou que este é o "maior aumento da última década" e sublinhou que foi uma decisão aprovada por todos os parceiros sociais
16/12/07
Faz-me impressão o trabalho, a inércia faz-me mal
Do álbum Valsa dos Detectives (1989), dos GNR, a canção "Impressões Digitais", cuja letra todos os jovens de então sabiam de cor.
Faz impressão o trabalho que se tem em ser superficial
Faz-me impressão e baralho o vulgar e o intelectual
Sinto depressão conforme perco tempo essencial
Sofro uma pressão enorme para gostar do que é normal
Deixo tudo para mais logo não sou analógico sou criatura digital
Tendo para mais louco não sou patológico como o papel vegetal
Faz-me impressão ser seguido imitado por gente banal
Faz-me um favor estou perdido indica-me algo de fundamental
Acho que o que gosto em mim o que me motiva é uma preguiça transcendental
E em ti o que me torna afim o que me cativa é esse sorriso vertical como uma impressão digital
Sinto-me uma fotocópia prefiro o original
Edição revista e aumentada cordão umbilical
Exclusivo a morder a página em papel jornal
Faz-me impressão o trabalho a inércia faz-me mal
Faz impressão o trabalho que se tem em ser superficial
Faz-me impressão e baralho o vulgar e o intelectual
Sinto depressão conforme perco tempo essencial
Sofro uma pressão enorme para gostar do que é normal
Deixo tudo para mais logo não sou analógico sou criatura digital
Tendo para mais louco não sou patológico como o papel vegetal
Faz-me impressão ser seguido imitado por gente banal
Faz-me um favor estou perdido indica-me algo de fundamental
Acho que o que gosto em mim o que me motiva é uma preguiça transcendental
E em ti o que me torna afim o que me cativa é esse sorriso vertical como uma impressão digital
Sinto-me uma fotocópia prefiro o original
Edição revista e aumentada cordão umbilical
Exclusivo a morder a página em papel jornal
Faz-me impressão o trabalho a inércia faz-me mal
Um poema por semana
O Funcionário Cansado, de António Ramos Rosa
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mão estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soletradas na prisão da minha vida
isso todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só
in Viagem através duma nebulosa (1960)
António Ramos Rosa (1924-) conta com uma obra extensa, sendo as suas primeiras obras (do fim dos anos 50) influenciadas pelo neo-realismo e depois pelo surrealismo. Foi um dos fundadores, em 1951, da importante revista de poesia Árvore. Para além de poeta, notabilizou-se nas actividades de crítico e de tradutor. Uma gorada experiência como empregado de escritório terá estado provavelmente na origem do poema transcrito.
Leia aqui a biografia de António Ramos Rosa da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e consulte aqui uma página dedicada ao poeta.
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mão estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soletradas na prisão da minha vida
isso todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só
in Viagem através duma nebulosa (1960)
António Ramos Rosa (1924-) conta com uma obra extensa, sendo as suas primeiras obras (do fim dos anos 50) influenciadas pelo neo-realismo e depois pelo surrealismo. Foi um dos fundadores, em 1951, da importante revista de poesia Árvore. Para além de poeta, notabilizou-se nas actividades de crítico e de tradutor. Uma gorada experiência como empregado de escritório terá estado provavelmente na origem do poema transcrito.
Leia aqui a biografia de António Ramos Rosa da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e consulte aqui uma página dedicada ao poeta.
13/12/07
A (boa) notícia do dia – Inauguração da Byblos
Imagem retirada do jornal Público
Grande aposta em catálogo de 150 mil títulos
Byblos, a maior e mais moderna livraria portuguesa é hoje inaugurada em Lisboa
Público, 13.12.2007 por Isabel Coutinho – leia o artigo na página original aqui.
A inauguração da maior livraria portuguesa, a Byblos, um sonho antigo de Américo Areal, ex-dono das Edições Asa, está marcada para esta noite só para convidados. A livraria abre ao público amanhã, às 10h.
Grande aposta em catálogo de 150 mil títulos
Byblos, a maior e mais moderna livraria portuguesa é hoje inaugurada em Lisboa
Público, 13.12.2007 por Isabel Coutinho – leia o artigo na página original aqui.
A inauguração da maior livraria portuguesa, a Byblos, um sonho antigo de Américo Areal, ex-dono das Edições Asa, está marcada para esta noite só para convidados. A livraria abre ao público amanhã, às 10h.
É um espaço gigantesco - 3300 m2 distribuídos por dois andares - e aposta no fundo editorial. Vai ter entre 120 mil e 150 mil títulos. Além de livros, a Byblos vende revistas, CD, DVD, merchandising relacionado com o livro, gifts (canetas, luzes de leitura, etc.) e tem um game center (espaço com videojogos). Ao lado das novidades, estão livros, discos, jogos e filmes que saíram há mais de seis meses e hoje são difíceis de encontrar no mercado.
É uma livraria "inteligente": usa as novas tecnologias para dar conforto ao cliente, que pode começar a gerir a sua lista de compras a partir de casa (através do site www.byblos.pt). Cada cliente terá um cartão Byblos que pode ser carregado no multibanco para compras na livraria ou no site.
Quando o PÚBLICO visitou a Byblos as tecnologias ainda não estavam a funcionar. Mas a estante robotizada com 65 mil títulos (a pesquisa faz-se num computador) já estava instalada.
Os produtos à venda estão espalhados por prateleiras, mesas, vitrinas, gavetas como em qualquer livraria. O que é inovador na Byblos é o seu mobiliário integrar um software que ajuda na localização dos livros através de etiquetas RFID - Identificação por Radiofrequência. Cada livro terá uma etiqueta electrónica que está relacionada com outra que assinala determinado lugar na prateleira. Se o livro for colocado fora do seu sítio, o sistema central detecta o erro (as prateleiras têm antenas) e envia uma mensagem de e-mail para o computador do empregado responsável por essa área na livraria. Ele tem dez minutos para colocar o livro no lugar certo.
Por sua vez, os clientes podem fazer pesquisas nos 34 ecrãs tácteis espalhados pela livraria e ficar a saber a localização exacta dos produtos que procuram. Um papel com as referências da localização é impresso pela máquina. Informações com tops de vendas, promoções e agenda aparecem nos 54 ecrãs LCD da livraria. À saída, basta ao cliente pousar os livros na caixa de pagamento (numa pilha até 80 cm de altura) e o sistema lê o conjunto de compras (através da radiofrequência) sem ser necessário passar um a um.
A Byblos tem ainda um auditório para 137 pessoas sentadas, camarim e gabinete de primeiros socorros. Na cafetaria vão servir refeições ligeiras.
A livraria vai funcionar de segunda a sábado, das 10h às 23h e ao domingo das 10h às 13h. Tem acessos pela Rua Carlos Alberto Mota Pinto, n.º 17 e pela Rua Joshua Benoliel (Amoreiras). Uma das portas dá directamente para a zona das crianças, com um barco (tem sino, leme, velas) e uma árvore com uma casa de madeira. Ali é possível brincar com jogos interactivos criados pela YDreams. Outra entrada dá para o quiosque, 280m2 com jornais e revistas especializadas.
Quatro milhões de euros
"Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria", lê-se numa das paredes, e a felicidade para o dono da livraria será quando "as pessoas pensarem em livro, pensarem na Byblos". Areal vendeu a sua empresa ao grupo de Paes do Amaral e investiu quatro milhões de euros neste projecto. Para o ano quer inaugurar uma Byblos no Porto e construir uma cadeia de livrarias no país. "Hoje o livro está disponível em gasolineiras, estações de CTT, hipermercados, tabacarias. Mas quanto mais próximo, menor é a oferta", explica. "Por isso surge a tendência oposta, a das cadeias de grandes livrarias." Em França, em 2004, faliram centenas de pequenas livrarias mas a megalivraria cresceu 5,6 por cento.
"Há um vastíssimo público que não encontra resposta para as suas necessidades. Quer dar aos seus filhos o que gostou de ler e não encontra. Em todo o lado há livrarias de fundo editorial. Não seria a altura de aparecer uma em Portugal?", afirma Areal. Para o livro estrangeiro, têm acordos internacionais e na edição portuguesa andam "à pesca" dos editores mais pequenos e da edição de autor. "Quem tiver um livro venha ter connosco porque o queremos ter disponível quer fisicamente quer na Internet", pede.
Vá ao sítio da Byblos por aqui.
Vá ao sítio da Byblos por aqui.
Pequenos prazeres 4
Texto de: Pinheira
O meu maior “pequeno prazer” é andar de autocarro, a meio do dia, sem destino preciso, só para observar as paisagens e as pessoas: gosto de as observar no dia-a-dia delas, e imaginar o que fazem ou o que irão fazer quando saírem do autocarro. A meio do dia, as pessoas estão descontraídas, e é bom partilhar esse pequeno momento, mesmo não sendo de forma directa com elas.
Gosto muito de estar com os meus amigos, porque sei que com eles me vou divertir e esquecer por um momento os problemas que sempre existem na vida: o único objectivo é passar um bom momento, rir, saborear. Se há alguma conversa séria que se introduz, tentamos logo todos mudar de conversa, não por não gostarmos de ser sérios, mas porque sabemos que o momento foi unicamente reservado para rir.
Outro dos meus pequenos prazeres é passear pelo campo, no meio da natureza : cheirar, ouvir, observar. Um sítio que pode parecer vazio, pode ser transformado simplesmente com a nossa atenção e imaginação. A natureza tem muito para oferecer!
Gosto imenso de estar com a minha família : adoro vê-lar reunida à volta de uma grande mesa, todas as gerações juntas para recordar e viver. Há sempre velhos segredos revelados, pessoas que acabam por ficar envergonhadas, riso, nostalgia, emoção, tudo se mistura. É bom estar com eles para nos lembrar que haverá sempre pessoas à nossa volta.
Um dos meus prazeres regulares é, quando não tenho nada de importante para fazer, ficar em casa sozinha, debaixo de um cobertor, e ver – ou rever – os meus filmes favoritos. Já não se contam as vezes que vi Billy Elliot por exemplo! Também gosto muito de ver séries cómicas, nomeadamente Friends , mesmo já tendo visto os episódios todos!
O meu maior “pequeno prazer” é andar de autocarro, a meio do dia, sem destino preciso, só para observar as paisagens e as pessoas: gosto de as observar no dia-a-dia delas, e imaginar o que fazem ou o que irão fazer quando saírem do autocarro. A meio do dia, as pessoas estão descontraídas, e é bom partilhar esse pequeno momento, mesmo não sendo de forma directa com elas.
Gosto muito de estar com os meus amigos, porque sei que com eles me vou divertir e esquecer por um momento os problemas que sempre existem na vida: o único objectivo é passar um bom momento, rir, saborear. Se há alguma conversa séria que se introduz, tentamos logo todos mudar de conversa, não por não gostarmos de ser sérios, mas porque sabemos que o momento foi unicamente reservado para rir.
Outro dos meus pequenos prazeres é passear pelo campo, no meio da natureza : cheirar, ouvir, observar. Um sítio que pode parecer vazio, pode ser transformado simplesmente com a nossa atenção e imaginação. A natureza tem muito para oferecer!
Gosto imenso de estar com a minha família : adoro vê-lar reunida à volta de uma grande mesa, todas as gerações juntas para recordar e viver. Há sempre velhos segredos revelados, pessoas que acabam por ficar envergonhadas, riso, nostalgia, emoção, tudo se mistura. É bom estar com eles para nos lembrar que haverá sempre pessoas à nossa volta.
Um dos meus prazeres regulares é, quando não tenho nada de importante para fazer, ficar em casa sozinha, debaixo de um cobertor, e ver – ou rever – os meus filmes favoritos. Já não se contam as vezes que vi Billy Elliot por exemplo! Também gosto muito de ver séries cómicas, nomeadamente Friends , mesmo já tendo visto os episódios todos!
11/12/07
São como divãs
Dunas – GNR (Grupo Novo Rock)
Dunas, são como divãs,
biombos indiscretos
de alcatrão sujos
rasgados por cactos e hortelãs.
Deitados nas dunas,
alheios a tudo,
olhos penetrantes,
pensamentos lavados.
Bebemos dos lábios,
refrescos gelados
selamos segredos,
saltamos rochedos,
em câmara lenta
como na TV,
palavras a mais
na idade dos porquê.
Dunas, como que são divãs
quem nos visse deitados
cabelos molhados,
bastante enrolados
sacos-cama salgados.
Nas dunas,
roendo maçãs
e a ver garrafas de óleo
boiando vazias
nas ondas da manhã.
Bebemos dos lábios,
refrescos gelados - nas dunas
em câmara lenta
como na TV – nas dunas
Os GNR são uma banda do Porto formada no início dos anos 80, um dos grupos de pop-rock que mais sucesso alcançou em Portugal, sendo o videoclip apresentado um dos primeiros (“Dunas” integrou o álbum Os homens não se querem bonitos, de 1985). Os GNR alcançaram o auge nos fins dos anos 80 e no início dos anos 90, sobretudo com os álbuns Psicopátria, Valsa dos Detectives e Rock in Rio Douro. Apesar de o grupo ter conhecido várias formações ao longo dos anos, o vocalista, Rui Reininho, manteve-se como a sua imagem de marca. Leia aqui uma biografia dos GNR.
Dunas, são como divãs,
biombos indiscretos
de alcatrão sujos
rasgados por cactos e hortelãs.
Deitados nas dunas,
alheios a tudo,
olhos penetrantes,
pensamentos lavados.
Bebemos dos lábios,
refrescos gelados
selamos segredos,
saltamos rochedos,
em câmara lenta
como na TV,
palavras a mais
na idade dos porquê.
Dunas, como que são divãs
quem nos visse deitados
cabelos molhados,
bastante enrolados
sacos-cama salgados.
Nas dunas,
roendo maçãs
e a ver garrafas de óleo
boiando vazias
nas ondas da manhã.
Bebemos dos lábios,
refrescos gelados - nas dunas
em câmara lenta
como na TV – nas dunas
Os GNR são uma banda do Porto formada no início dos anos 80, um dos grupos de pop-rock que mais sucesso alcançou em Portugal, sendo o videoclip apresentado um dos primeiros (“Dunas” integrou o álbum Os homens não se querem bonitos, de 1985). Os GNR alcançaram o auge nos fins dos anos 80 e no início dos anos 90, sobretudo com os álbuns Psicopátria, Valsa dos Detectives e Rock in Rio Douro. Apesar de o grupo ter conhecido várias formações ao longo dos anos, o vocalista, Rui Reininho, manteve-se como a sua imagem de marca. Leia aqui uma biografia dos GNR.
07/12/07
Um poema por semana
Elegia da Ereira, de Carlos de Oliveira
São as aves demais para chorar?
AFONSO DUARTE
À luz
deste azeite estelar
a que chamam luar
e que é apenas o fulgor
da cal a evaporar-se
com os ossos humanos,
são as aves
o menos que choramos.
Lágrimas desprendidas
dum olhar terrestre
que a loucura escurece,
lá vamos nós,
lá somos, mestre,
aquelas sombras flutuando no luar.
E no entanto a terra,
esse magoado coração do espaço,
chama ainda por nós.
Que lhe diremos, mestre,
tão pobres e tão sós.
in Terra de Harmonia (1950)
Carlos de Oliveira (1921-1981) é um dos maiores poetas e romancistas portugueses do século XX. Tendo passado a infância num meio rural e pobre, na região da Gândara, no concelho de Cantanhede (localidade que viria a servir de cenário aos seus romances), veio a integrar o movimento neo-realista aquando da sua vida de estudante por Coimbra. A história da sua poesia é a de uma passagem dos rígidos cânones da escola neo-realista a uma reflexão individual cada vez mais complexa sobre a escrita, a matéria, o movimento. Concebia a escrita como um trabalho de depuração e de aperfeiçoamento: reescreveu, alterando-os profundamente, quase todos os seus romances e, não por acaso, ao conjunto da sua obra poética chamou Trabalho Poético.
São as aves demais para chorar?
AFONSO DUARTE
À luz
deste azeite estelar
a que chamam luar
e que é apenas o fulgor
da cal a evaporar-se
com os ossos humanos,
são as aves
o menos que choramos.
Lágrimas desprendidas
dum olhar terrestre
que a loucura escurece,
lá vamos nós,
lá somos, mestre,
aquelas sombras flutuando no luar.
E no entanto a terra,
esse magoado coração do espaço,
chama ainda por nós.
Que lhe diremos, mestre,
tão pobres e tão sós.
in Terra de Harmonia (1950)
Carlos de Oliveira (1921-1981) é um dos maiores poetas e romancistas portugueses do século XX. Tendo passado a infância num meio rural e pobre, na região da Gândara, no concelho de Cantanhede (localidade que viria a servir de cenário aos seus romances), veio a integrar o movimento neo-realista aquando da sua vida de estudante por Coimbra. A história da sua poesia é a de uma passagem dos rígidos cânones da escola neo-realista a uma reflexão individual cada vez mais complexa sobre a escrita, a matéria, o movimento. Concebia a escrita como um trabalho de depuração e de aperfeiçoamento: reescreveu, alterando-os profundamente, quase todos os seus romances e, não por acaso, ao conjunto da sua obra poética chamou Trabalho Poético.
Leia aqui uma biografia de Carlos de Oliveira da Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas.
Pequenos Prazeres 3
Texto de: Lisboa
Um dos meus pequenos prazeres é passar tempo livre. Gosto de passear, andar pelos jardins, bosques, lugares onde há natureza, e também de passear pelas cidades, como em Paris. Quando vejo lugares (ou situações) bonitas ou insólitas, gosto de tirar fotografias.
Passar tempo com o meu sobrinho é um dos meus prazeres. Gosto de brincar, de contar histórias, de imaginar jogos novos e heróis com ele.
Gosto também de passar tempo com amigos e conversar com eles, quer seja quando nos vemos ou por telefone ou então na net.
O cinema é também um dos meus pequenos prazeres. Gosto de ir ao cinema ou de ver filmes em casa. Quanto à música, ela é para mim um modo de descansar e me divertir. Ler é outro pequeno prazer, sejam novelas, temas de história, geografia, reportagens, etc...
Também gosto de viajar ou descobrir novo lugares, paisagens, civilizações, e também de tirar fotografias para guardar recordações destes momentos.
Um dos meus pequenos prazeres é passar tempo livre. Gosto de passear, andar pelos jardins, bosques, lugares onde há natureza, e também de passear pelas cidades, como em Paris. Quando vejo lugares (ou situações) bonitas ou insólitas, gosto de tirar fotografias.
Passar tempo com o meu sobrinho é um dos meus prazeres. Gosto de brincar, de contar histórias, de imaginar jogos novos e heróis com ele.
Gosto também de passar tempo com amigos e conversar com eles, quer seja quando nos vemos ou por telefone ou então na net.
O cinema é também um dos meus pequenos prazeres. Gosto de ir ao cinema ou de ver filmes em casa. Quanto à música, ela é para mim um modo de descansar e me divertir. Ler é outro pequeno prazer, sejam novelas, temas de história, geografia, reportagens, etc...
Também gosto de viajar ou descobrir novo lugares, paisagens, civilizações, e também de tirar fotografias para guardar recordações destes momentos.
06/12/07
Pequenos Prazeres 2
Texto de: Patamar
- D de Domingos => Aos domingos, gosto de ir ao mercado, enchendo os cabazes de fruta, verduras, peixes...falando com os vendedores. O prazer não é so fazer compras, mas conhecer também a origem dos produtos. Assim que sinto um cheiro atractivo ou bravo começa uma nova aventura, aliás, uma viagem pelos países de onde vêm os produtos.
- L de Livro => Gosto de ler depois de comprar com preguiça um livro e de folhear alguns livros disponíveis nas estantes. Quero chegar até ao momento em que poderei mergulhar na história, já no fundo do mar de páginas, e esquecer a vida fora.
- T de Tintas=> Gosto do sabor das lulas e do polvo, ora arroz de lulas com tinta, ora o polvo à galega. Não sei se as cores são mais importantes do que o sabor, todavia preciso muito delas.
- P de Prazeres => Gostaria de passear durante a noite nos arredores do cemitério dos Prazeres em Lisboa alta, para falar com os moradores e fregueses de tal modo que poderia saber se eles são prazenteiros.
- D de Domingos => Aos domingos, gosto de ir ao mercado, enchendo os cabazes de fruta, verduras, peixes...falando com os vendedores. O prazer não é so fazer compras, mas conhecer também a origem dos produtos. Assim que sinto um cheiro atractivo ou bravo começa uma nova aventura, aliás, uma viagem pelos países de onde vêm os produtos.
- L de Livro => Gosto de ler depois de comprar com preguiça um livro e de folhear alguns livros disponíveis nas estantes. Quero chegar até ao momento em que poderei mergulhar na história, já no fundo do mar de páginas, e esquecer a vida fora.
- T de Tintas=> Gosto do sabor das lulas e do polvo, ora arroz de lulas com tinta, ora o polvo à galega. Não sei se as cores são mais importantes do que o sabor, todavia preciso muito delas.
- P de Prazeres => Gostaria de passear durante a noite nos arredores do cemitério dos Prazeres em Lisboa alta, para falar com os moradores e fregueses de tal modo que poderia saber se eles são prazenteiros.
05/12/07
Expressões ilustradas - olhar (para algo) como um boi para um palácio
Imagem: um boi do Parque Nacional da Peneda-Gerês olha para o Palácio da Pena, em Sintra.
Olhar (para algo) como um boi para um palácio
Diz-se quando alguém não compreende nada do que outra pessoa lhe está a dizer ou a tentar explicar.
"Ontem, o professor tentou explicar algumas regras do uso do infinitivo pessoal, mas os alunos ficaram a olhar para ele como um boi para um palácio".
Subscrever:
Mensagens (Atom)